SOBRE Adriano Gambarini
Gambarini traz na sua fotografia a ligação com a natureza que nutre desde quando era criança e acampava com seus pais em diversas regiões do Brasil. Formado em Geologia pela USP, o estudo da Terra e suas estruturas apurou ainda mais seu olhar, que há mais de 30 anos registra a biodiversidade, em diversas expedições que realiza ao redor do mundo e nas grandes florestas brasileiras. Fotógrafo permanente da National Geographic Brasil, é autor de 18 livros, além de ter sido por três vezes palestrante no TEDx. Foi vencedor do Prêmio Comunique-se 2019, na categoria Profissional da Imagem.
SOBRE “GEMINUS”
A natureza se espelha, duplica e se funde. De alguma forma, observar é ressignificar início e fim. Reflexo e matéria originária. Céu e água. Como os processos que se repetem e são a origem da vida tal qual a conhecemos. Geminus em latim significa “gêmeo, duplicado, igual”, como a escala e a repetição dos elementos que contemplam a floresta ao se encontrarem com o rio.
SOBRE “MATTA”
Com seu formato em preto e branco, a série Matta destaca a consistência e densidade das florestas brasileiras, fazendo uma analogia aos desenhos feitos à mão por colonizadores, quando retratadas ainda primárias e sem intervenção humana. A palavra Matta é a origem em latim da palavra “Mata”. É uma imersão na vegetação densa, quase um labirinto, de diferentes texturas, formas e portes de árvores, de forma atemporal e que convida a refletir sobre a sua origem e sua preservação.
SOBRE “ESCUTA”
Através da relação que ele próprio nutre com a floresta, Gambarini traz em Escuta um lembrete capaz de estimular os sentidos diluídos por uma vida urbana. Mais do que sentir, é preciso exercitar a escuta a fim de nos conectarmos com o estado de coisas essenciais, porque não apenas contemplamos a natureza, como somos parte dela. Escuta é sobre ação consciente e presente, um despertar de atenção para um estado ativo de percepção e conexão com a nossa própria origem.
EXPOSIÇÃO “GEMINUS, REFLEXÕES AMAZÔNICAS”
“Geminus” em latim significa “gêmeo, duplicado, igual”, como a escala e a repetição dos elementos que contemplam a floresta ao se encontrarem com o rio.
Na Amazônia tudo é superlativo. A luz é pouca, a umidade é muita, a altura das árvores é extrema. Ao mesmo tempo, é fantasticamente misteriosa, livre de conceitos sobre certo ou errado, bem ou mal. Está ali a textura das águas brincando de luz e sombra; a negritude dos rios se transmutando em prata e azul, em reflexos e reflexões de si mesmos. Os rastros dos seres, imaginários ou não, deixando suas marcas.
Flutuando como a bruma de um frio amanhecer, está ali a sabedoria dos povos originários que conhecem como a própria alma cada canto daquela floresta sagrada. Está ali toda harmonia de seres e elementos que contemplam a floresta entre, e através do rio, no qual se espelham e se fundem com a crença de estar neste mundo, por um bem maior.
por Adriano Gambarini, fotógrafo